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Ministério dos Direitos Humanos confirma que custeou viagem para Brasília da “dama do tráfico” do Amazonas

Na imagem, o secretário Nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco e a mulher do líder do Comando Vermelho, Luciane Barbosa Farias.

O Ministério dos Direitos Humanos confirmou nesta quarta-feira (15) ter custeado a passagem a Brasília de todos os participantes do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), incluindo a de Luciane Barbosa Farias, esposa do chefe de uma das maiores facções do País.

“O pagamento de passagens e diárias foi feito a todos os participantes de um evento nacional, com orçamento próprio reservado ao CNPCT e cujos integrantes foram indicação exclusiva dos comitês estaduais”, afirmou o ministério em nota.

No Ministério da Justiça, Luciane não chegou a se reunir com o ministro Flávio Dino, mas teve agendas com Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, em 19 de março. Em 2 de maio, se reuniu com Rafael Velasco Brandani, secretário nacional de Políticas Penais.

Vaz afirmou que a responsabilidade foi dele. Ele disse que foi a ex-deputada estadual do PSOL pelo Rio de Janeiro Janira Rocha quem pediu a audiência e que não sabia quem eram os acompanhantes da ex-deputada. Enquanto o secretário nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco Brandani, disse que atendeu a um pedido de Elias Vaz.

Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas”. Os dois foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e organização criminosa. Clemilson é apontado como chefe do Comando Vermelho no Amazonas e cumpre pena de 31 anos em um presídio do Amazonas. Luciane foi condenada a dez anos de prisão, mas recorre em liberdade.

Antes de ir a Brasília para o encontro, que foi realizado nos dias 6 e 7 de novembro, Luciane, conhecida como “dama do tráfico” do Amazonas, já havia visitado o Ministério da Justiça no início deste ano. Na ocasião, ela esteve com o secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, e com o secretário nacional de Políticas Penais, Rafael Velasco Brandani.

Conforme a pasta, os comitês estaduais, que indicaram os nomes dos participantes do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, possuem autonomia administrativa e orçamentária. Luciane foi indicada pelo Comitê Estadual do Amazonas.

“Vale ressaltar que o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania é composto por 11 colegiados que, assim como o CNPCT, tem autonomia administrativa e orçamentária”, acrescentou o ministério.

Em nota divulgada nesta quarta, a Secretaria de Justiça do Amazonas confirmou que a indicação de Luciane partiu da presidente interina do Comitê Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura, Natividade de Jesus Magalhães Maia. A Secretaria informou, ainda, que Luciane não tinha “legitimidade para ter participado do encontro como representante do colegiado”.

De acordo com o governo do Amazonas, embora tenha sido indicada para integrar o comitê, a “dama do tráfico” não foi efetivamente nomeada, assim como os demais indicados para mandatos no colegiado entre 2023 e 2025. A secretaria também afirmou que questionará a manutenção de Luciane como membro do comitê.

“Diante das informações divulgadas, a Sejusc questionará à Sociedade Civil quanto a manutenção do nome de Luciane como parte do comitê”, diz a nota, que indica que Luciane Barbosa Farias foi indicada ao comitê pelo Instituto Liberdade do Amazonas.

Foto: Reprodução

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