Carazinho

Acessibilidade e inserção no mercado de trabalho ainda precisam avançar para as pessoas com deficiência

Análise é do presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Carazinho, Tiago Roni Ferreira. Data nacional dedicada a este público é celebrada nesta quarta-feira (21)

O 21 de setembro é marcado como o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei 11.133/05, com o intuito de conscientizar sobre a importância da inclusão. No entanto, as comemorações ocorrem desde 1982, por iniciativa do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes – MDPD.

Em Carazinho, o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência é bastante atuante, junto
às associações que reúnem pessoas com diversos tipos de deficiências. O presidente Tiago Roni Ferreira analisa que a instituição de datas como esta faz com que as pessoas reflitam mais sobre o assunto. “Assim como o Agosto Verde, o Dia Nacional lembra as pessoas que lutam por esta população, buscando direitos. Mas, infelizmente, sobre na data existe esta reflexão, ou quando alguém da família se torno deficiente, mas as pessoas com deficiências estão em nosso meio todos os dias, precisando de atenção, de políticas públicas”, disse.

Atualmente, conforme Ferreira, cerca de 1500 pessoas com algum tipo de deficiência são assistidas pelo CMPD e pelas associações. Segundo levantamento do Município de Carazinho, os deficientes físico (cadeirante, amputados) são a maioria. As faixas etárias são bem variadas, desde crianças até idosos. “Existe um crescimento significativo do autismo, aumentou bastante do ano passado para cá. Temos ainda deficientes visuais, auditivos, intelectuais, entre outros”, informa.

O presidente menciona que as ações desenvolvidas pelo CMPD buscam sempre priorizar a autonomia da pessoa com deficiência. “É importante. Orientamos as famílias para que incentivem isso também. Tem que buscar uma autonomia para ter uma melhor qualidade de vida. è um trabalho das seis associações que estão dentro do conselho, cada uma dentro de sua área. A família é fundamental neste sentido. Não basta apenas o usuário ser assistido, mas seus familiares que precisam aceitar a limitação daquela pessoa e ajudá-la a se desenvolver”, coloca.

 

Mais acessibilidade

Na concepção de Tiago Ferreira, a acessibilidade é um quesito que necessita de muita atenção e investimento. “Em Carazinho existem mudanças visíveis, mas ainda há lugares inacessíveis. A prefeitura está elaborando projetos para melhoras praças e elas serão acessíveis a todas as pessoas com deficiência. É uma evolução. AS calçadas são situações que precisam ser analisadas. Para quem é deficiente visual ou cadeirante é complicado. Postes no meio, por exemplo, são algumas dificuldades. São detalhes que precisam ser ajustados. Precisamos continuar evoluindo para deixar todo município acessível”, salienta.

 

Mercado de trabalho

Existem legislações que garantem vagas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas o presidente do CMPD ainda relata dificuldades na inserção de profissionais em empresas. “Existem vagas, mas ainda é precário porque as empresas exigem ainda pessoas com deficiências leves. Temos cadeirantes, visuais, auditivos, intelectuais. São poucos que estão trabalhando. A maioria dos que conseguem colocação são os deficientes auditivos, porque possuem mecanismos de comunicação que facilitam a interação. Há lei de cotas, mas muitas empresas ainda preferem pagar multas do que contratar um PCD, pois é uma situação em que precisa de adaptação física da empresa. Contratar acaba sendo um custo bem maior”, conta.

O CMPD é buscado por empresas que desejam contratar pessoas com deficiência e a entidade auxilia encaminhando currículos conforme as exigências enumeradas.

 

Conquistas

Entre as conquistas alcançadas pelo conselho e as associações, Ferreira cita uma bem importante, o passe livre municipal, que permite aos deficientes acessar o transporte público gratuitamente. “Foi uma luta bem grande em que nos unimos e alcançamos. Também posso citar as vagas de estacionamento que se direciona a todas as pessoas com deficiência. Além disso, destaco as equipes de paradesporto que se formaram, como o time de basquete sobre rodas da ADEFIC, do futebol B2 e B3 da ACADEV, e que representará, em novembro, o Rio Grande do Sul no campeonato brasileiro, tem atletas de corrida que competem. São conquistas trabalhadas dentro das entidades”, enumera.

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