O dólar fechou a semana na sua maior cotação frente ao real desde maio de 2020. Com alta de 1,5% na comparação com o dia anterior, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,86, segunda maior marca da história. A desvalorização do real foi sentida, também, nas casas de câmbio da região de fronteira com o Paraguai
Em Foz do Iguaçu, a moeda dos Estados Unidos foi vendida por até R$ 5,93 na tarde de sexta-feira. Em Ciudad del Este, no Paraguai, onde as mercadorias importadas são cotadas em dólar, a variação nas casas de câmbio está mais amigável, conforme consulta feita pelo H2FOZ aos painéis eletrônicos de cinco empresas. No sábado, o valor de venda mínima chegou a R$ 5,40 e de venda, R$ 5,93.
Alta histórica
Este foi o segundo maior valor nominal do dólar da história (descontada a inflação): R$ 5,8698. No dia 13 de maio de 2020, a moeda americana chegou aos R$ 5,9007, seu recorde.
Em meio às turbulências econômicas no Brasil e no mundo, o dólar acumula alta de 20% em 2024. (veja mais abaixo). O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, fechou em queda.
Nesta semana, investidores esperavam definição do governo federal sobre o corte de gastos previsto para este fim de ano, o que não aconteceu. A equipe econômica busca cumprir a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024.
A expectativa do mercado financeiro é que o pacote indique cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou entender a “inquietação” do mercado, e que vai apresentar cortes. Mas disse também que não há data para a divulgação dos planos, e que a decisão depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, Haddad cancelou uma viagem que faria à Europa nesta semana.
Cenário externo
No exterior, o clima também é ruim com a aproximação das eleições americanas e novos dados de atividade econômica reascendendo as dúvidas sobre a condução das taxas de juros nos próximos meses.
O embate eleitoral nos EUA acontece na próxima terça-feira (5), entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Para o mercado, o ex-presidente tem mais chances de vitória, e ameaça trazer uma agenda de aumento de protecionismo para um novo mandato.
Além disso, investidores reagem aos novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que gerou um número de vagas bem menor que o esperado em outubro. O relatório de empregos “payroll”, o mais importante do país, indicou a criação de apenas 12 mil vagas de trabalho no último mês, contra uma expectativa de 106 mil e muito abaixo das 223 mil criadas em setembro.
Um mercado de trabalho mais fraco pode ajudar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a reduzir mais as suas taxas de juros, hoje entre 4,75% e 5% ao ano. No entanto, o mercado desconfia que o resultado seja tão ruim que possa indicar uma desaceleração muito intensa da economia americana.
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