Maio deste ano marcou o décimo segundo mês consecutivo de recordes de calor na Terra, anunciaram cientistas do observatório europeu Copernicus na quarta-feira (5). O dado considera a temperatura média do ar no planeta.
Desde junho de 2023, o planeta registra um mês mais quente a cada novo período, dado que cientistas e autoridades destacam para apontar que vivemos uma emergência climática.
Em um comunicado, Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), explicou que, mesmo se essa sequência de recordes for interrompida, a assinatura geral das mudanças climáticas permanece e não há sinal de uma mudança nesta tendência.
“É chocante, mas não surpreendente que tenhamos alcançado essa sequência de 12 meses. Estamos vivendo em tempos sem precedentes, mas também temos habilidades sem precedentes para monitorar o clima e isso pode ajudar a informar nossas ações,” disse Buontempo.
Ainda de acordo com o observatório europeu, maio de 2024 foi o maio mais quente já registrado globalmente porque teve uma temperatura média do ar de superfície 0,65°C acima da média de abril de 1991-2020.
Os cientistas chamam isso de anomalia de temperatura. Em outras palavras, é um indicador que mostra quanto a temperatura se desvia de uma determinada média histórica. Essas datas são usadas como referência porque esse período representa um “ponto médio” do aumento da temperatura global, ou seja, o intervalo logo antes das mudanças climáticas se tornarem mais intensas e evidentes.
Além disso, a temperatura média global nos últimos doze meses (junho de 2023 – maio de 2024) é a mais alta já registrada, 0,75°C acima da média de 1991-2020 e 1,63°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) também anunciou que existe uma chance de 80% de que, em pelo menos um dos próximos cinco anos, a temperatura média global anual ultrapasse temporariamente 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
O 1,5°C é o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas, ou seja, o limiar de aumento da taxa média de temperatura global que temos que atingir até o final do século para evitar as consequências da crise climática provocada pelo homem por causa da crescente emissão de gases de efeito estufa na nossa atmosfera.
Essa é uma taxa que é medida em referência aos níveis pré-industriais, a partir de quando as emissões de poluentes passar a afetar significativamente o clima global.
“Este é um aviso claro de que estamos cada vez mais próximos dos limiares estabelecidas no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que se referem a aumentos de temperatura a longo prazo ao longo de décadas, não de um a cinco anos”, disse a OMM, em nota.
De acordo com o relatório da OMM, a temperatura média global próxima à superfície de cada ano entre 2024 e 2028 deve ficar entre 1,1°C e 1,9°C acima da média de 1850-1900. O relatório também indica uma probabilidade de 86% de que pelo menos um desses anos estabeleça um novo recorde de temperatura, superando 2023, atualmente o ano mais quente já registrado.
Ainda de acordo com a agência da ONU, existe uma probabilidade de 47% de que a temperatura média global durante o período de 2024-2028 seja mais de 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial. Este valor representa um aumento em relação aos 32% previstos no relatório do ano passado para o período de 2023-2027.
Com isso, a probabilidade de pelo menos um dos próximos cinco anos exceder 1,5°C tem aumentado consistentemente desde 2015, quando era praticamente zero. Durante os anos de 2017 a 2021, essa probabilidade era de 20%, mas aumentou para 66% entre 2023 e 2027.
“Estamos jogando roleta russa com nosso planeta”, definiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“Precisamos de uma saída da rodovia para o inferno climático. E a boa notícia é que temos o controle do volante. A batalha para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus será vencida ou perdida nos anos 2020 – sob a vigilância dos líderes de hoje”, acrescentou.
Foto: EBC