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Javier Milei assume a presidência da Argentina

Autodenominado libertário, Javier Milei chegou à Presidência com propostas polêmicas – algumas consideradas radicais

Javier Milei foi empossado neste domingo (10) no Congresso Nacional como presidente da Argentina, minutos antes de sua vice-presidente, Victoria Villarruel, e de seus ministros.

O presidente eleito recebeu a faixa e o bastão presidencial das mãos do ex-presidente, Alberto Fernández. A cerimônia foi presidida por seu antecessor Alberto Fernández e pela vice-presidente Cristina Fernández, antes do congresso nacional em Buenos Aires.

Após ser empossado como presidente da Argentina, Javier Milei deixou o Congresso e dirigiu-se à escadaria, de onde falou para uma multidão que se reunia para participar da cerimônia de inauguração.

A agenda de Milei começou pela manhã, com visita ao Congresso Nacional, onde fez o juramento e um discurso. Também fará uma passagem pela Casa Rosada, sede do governo argentino; participará de recepção de líderes estrangeiros; e terminará com um coquetel e festa de gala.

O governo brasileiro enviou o chanceler Mauro Vieira como representante na posse. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não esteve presente. Além de Lula, o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, também não esteve presente no evento.

Presenças brasileiras

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo; ex-presidente Jair Bolsonaro; Jorginho Mello, governador de Santa Catarina e Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, estão na Argentina e acompanharam a cerimônia de posse.

Encontro com Jair Bolsonaro

Na sexta-feira (08), Javier Milei se reuniu com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), em um hotel de Buenos Aires. Bolsonaro deve comparecer à posse neste domingo.

Ambos tiveram um encontro particular e, depois, se reuniram com a comitiva de congressistas de direita. Milei disse que é um orgulho receber a visita de Bolsonaro em Buenos Aires.

Desafios de Milei

O partido do novo chefe de Estado conseguiu ampliar a base no Congresso nestas eleições, mas, ainda assim, está atrás dos movimentos de Sergio Massa e Patricia Bullrich.

Mesmo com o apoio de Bullrich durante o segundo turno, Milei provavelmente terá que negociar com os macristas para passar suas polêmicas pautas econômicas no Parlamento, conforme explica Leandro Consentino, especialista em Relações Internacionais e professor de Ciências Políticas do Insper.

Consentino ponderou que, diferentemente da eleição de Bolsonaro no Brasil, por exemplo, o argentino não subirá ao poder com uma base partidária consolidada no Congresso.

“Milei terá dificuldade, sim, e vai precisar negociar com essa centro-direita representada pelo macrismo para conseguir aprovar suas pautas. Percebe-se que ele vai ter que, de alguma forma, moderar o seu discurso para alcançar determinadas resoluções e transformar as pautas em legislação de fato”, coloca o especialista.

Quando Milei foi eleito, Mauricio Macri afirmou que o novo presidente precisará do “apoio, confiança e paciência de todos”. Além disso, o apoio de Macri foi fundamental para a vitória do libertário.

Isso pode indicar, ao menos, que Javier Milei pode ter uma abertura inicial com os apoiadores do ex-presidente. Leandro Consentino ressalta que os grandes entraves serão as medidas econômicas mais radicais, como o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia.

O especialista avalia que a “dinamitação” do Banco Central, como Milei anunciou durante a campanha, é “praticamente impossível de acontecer”, pois a instituição é “reconhecida como algo importante para conservar a política monetária por quaisquer países minimamente dentro do jogo político, do jogo democrático e até países que não são necessariamente democráticos”.

Por outro lado, a pauta de privatizações pode ter mais facilidade de passar no novo Congresso argentino. Milei indicou anteriormente que quer privatizar a petroleira estatal, companhia aérea e rede de TV.

Consentino adverte, porém, que haverá resistência de movimentos sociais e sindicatos quanto a essa última pauta, que colocarão “toda a carga política nas ruas contra essas medidas”.

Foto: Reprodução

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