Cinco dias antes do atentado contra Israel, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, recebeu um apoiador do Hamas, Sayid Tenório, no Palácio do Planalto, junto com outros representantes dos palestinos.
A visita foi fotografada e publicada por Sayid em suas redes sociais. Tenório é vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina. Na fotografia, Padilha aparece ao lado de Sayid e de mais uma pessoa, segurando o livro “Palestina, do mito da terra prometida à terra da resistência”, escrito pelo ativista.
A notícia da reunião de Padilha com Tenório foi publicada, nesta terça-feira (10), pelo O Antagonista. Sayid fez uma série de manifestações pró-Palestina e pró-Hamas nas redes sociais. Em uma delas, ele publica uma foto do massacre de jovens pelo Hamas na festa de música eletrônica perto da fronteira com Gaza.
“Colonos judeus ilegais sentindo na pele por um dia, aquilo que os palestinos vêm sofrendo diariamente há 75 anos”, escreve Sayid na legenda.
Na outra, ele se manifesta a favor da prática do Hamas de fazer reféns e o classifica como movimento de resistência.
“O movimento de resistência palestino Hamas afirma ter capturado um número suficiente de soldados e um general israelense suficiente para trocá-los por todos os palestinos mantidos ilegalmente em prisões israelenses”, disse.
Tenório, zombou na rede social X, ex-Twitter, de uma mulher sequestrada por terroristas.
“Isso é marca de m… Se achou nas calças”, disse, acrescentando um emoji de risada, diante do vídeo que mostra terroristas armados retirando do porta-malas de um jipe e conduzindo pelos cabelos até o banco de trás uma refém ensanguentada, de mãos atadas e calça manchada na altura das nádegas.
Em um segundo comentário, numa publicação de Lula, Tenório reforça que a conduta do Hamas não é terrorismo e disse que a declaração do presidente petista é fajuta.
“Que declaração fajuta. Que ataque terrorista o que, Lula!“, escreveu o extremista.
Na oportunidade, o presidente escreveu no X:
“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados.”
Procurado pela CNN, Padilha afirmou, por meio da sua assessoria de imprensa, que se tratou de uma “visita de cortesia” solicitada pelo embaixador do Brasil na Palestina, que também participou do encontro.
“O ministro Alexandre Padilha já manifestou publicamente seu repúdio aos atos terroristas ocorridos no último sábado e seu desejo de que a comunidade internacional atue para conter a escalada de violência na região”, diz a nota.
Esclarecimentos
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) solicitou esclarecimentos ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em relação a um encontro ocorrido no Palácio do Planalto com Sayid Tenório. No requerimento, o parlamentar questiona quais foram as pautas discutidas durante a reunião e qual imagem o governo brasileiro quis transmitir ao receber um apoiador do grupo terrorista Hamas.
O documento também indaga se o governo está tomando alguma medida para solicitar às Organizações das Nações Unidas (ONU) a inclusão do Hamas na lista de grupos terroristas. Além disso, questiona se o Poder Executivo irá se retratar de alguma forma pelo encontro do ministro Padilha.
Foto: Gil Ferreira/Ascom-SRI