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Câmara Municipal realiza painel de enfrentamento à violência contra a mulher

A iniciativa fez parte do encerramento do Agosto Lilás e objetiva chamar a atenção da sociedade sobre a importância da prevenção e do enfrentamento à violência contra a mulher.

O plenário da Câmara de Vereadores de Carazinho ficou lotado na tarde desta quarta-feira (30). Centenas de mulheres e homens acompanharam o Painel “Mulheres Livres de Violência: esta pauta nos une”, realizado pelo Poder Legislativo.

A iniciativa fez parte do encerramento do Agosto Lilás e objetiva chamar a atenção da sociedade sobre a importância da prevenção e do enfrentamento à violência contra a mulher, incentivando as denúncias de agressão e transmitindo informações para a conscientização.

Para debater o assunto estavam a presidente do Legislativo Janete Ross de Oliveira, a vice-prefeita Valéska Walber, a delegada de Polícia Heládia Cazarotto, a advogada e professora universitária Josiane Petry Faria, a psicóloga Flávia Gai Soares e a master coach business Vania Stoco Tomé.

Antes de iniciar o painel, a coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) Daniane Diehl falou sobre a atuação do órgão, criado há pouco tempo no município. O CRAM é um espaço de acolhimento psicológico, social, de orientação e de encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência.

Painelistas

A primeira a falar foi a advogada e professora universitária Dra. Josiane Petry Faria. Ela parabenizou a criação do CRAM em Carazinho e lembrou que a Lei Maria da Penha foi a legislação mais importante já criada, constituindo-se como uma ferramenta que traça a estratégia adequada para cada situação de violência. Ela citou que existem três passos importantes a serem seguidos para a efetividade de todo o processo quando se fala em violência doméstica. O primeiro é ter conhecimento, o segundo é não fazer julgamentos e o terceiro é colocar todos os instrumentos em prática em favor da mulher.

A psicológica Flávia Gai Soares, especialista em relações Conjugais e Familiares, falou sobre como identificar os ciclos da violência doméstica e, mostrando um medidor da violência, explicou que ameaçar, constranger, humilhar e acusar de traição já são os primeiros sinais de violência psicológica e que é preciso ter atenção a estes sinais. “Já a violência moral começa quando o parceiro quer controlar, tirar liberdades individuais, expor a vida íntima, destruir objetos. E é a partir daí então que acontece a violência física, quando a vida da mulher está em risco”, alertou. A ajuda, segundo ela, tem que ser buscada nos primeiros sinais de violência, “porque é neste momento que já se tem a morte subjetiva, a morte da autoestima, da autoconfiança e em alguns casos, que não são raros, até o suicídio”, enfatizou.

Violência Em Carazinho

A delegada Heladia Cazarotto, responsável pela Delegacia De Proteção Aos Grupos Vulneráveis De Carazinho, trouxe informações sobre a atuação da Polícia Civil no combate à violência doméstica e, inclusive, dados sobre Carazinho. Segundo ela, somente em 2023, até o presente momento, foram 490 ocorrências de violência contra a mulher, uma média de duas por dia. Desse total, 60% (296) das vítimas quiseram processar o agressor; 330 pediram medida protetiva.

Heládia ainda afirmou que entre os crimes mais registrados a ameaça é a mais recorrente, com 35% dos casos; depois lesão corporal, com 18%. Violência psicológica e perseguição foram 60 casos. “Aqui em Carazinho tivemos duas tentativas de feminicídio. No Rio Grande do Sul, no primeiro semestre, foram 40 casos de feminicídio. 85% dos agressores já tinham antecedentes. Isso nos leva a pensar que precisamos de uma alternativa para este homem também”, destacou.

Vania Stoco Tomé, diretora da Febracis Escola de Negócios do Rio Grande do Sul, abordou o empoderamento feminino.

Mulheres na política

A psicóloga e vice-prefeita Valéska Walber lembrou que ser mulher continua sendo desafiador e que ainda há muito que se lutar para que as mulheres ocupem alguns espaços, como por exemplo na política. “Que a gente possa sair daqui refletindo, que possamos construir, cuidar, acolher. Desejo como ser humano que possamos sair daqui mais sensíveis e mais solidários a esta questão da violência doméstica e dos espaços das mulheres”, ponderou Valéska, que fez história sendo a primeira vice-prefeita eleita no município.

A presidente da Câmara de Vereadores Janete Ross de Oliveira ressaltou o quanto é importante mais mulheres ocuparem espaços que possam auxiliar outras mulheres, como é o caso da política. Ela lembrou que ao longo da história de Carazinho foram eleitas apenas sete mulheres e que há dois mandatos ela é a única vereadora da legislatura. “Hoje tenho a honra de ser a primeira vereadora reeleita, a segunda presidente da Casa do Povo e a primeira que comandou o Poder Legislativo por duas vezes. A mulher hoje quer e deve ocupar o mesmo espaço que os homens e, por isso, temos que romper com o paradigma político na cidade de elegermos poucas mulheres. Podemos e devemos estar na política, é assim que lutaremos por mais espaço e criaremos mais leis e oportunidades para as mulheres”, disse Janete.

Patrulha Maria da Penha

O comandante do 38º Batalhão de Polícia Militar (BPM) Major Juliano Moura acompanhou todo o painel e destacou que a corporação se sente orgulhosa de fazer parte da rede de proteção às mulheres. Ele, junto com a soldado Scheffler, comandante da Patrulha Maria da Penha, falou sobre o trabalho da Patrulha, instituída em Carazinho em 2020. O atendimento ocorre através da realização de visitas, as quais têm o objetivo de fiscalizar se as medidas protetivas de urgência estão sendo cumpridas pelo agressor/acusado, bem como verificar a situação familiar da vítima. Ela também atua na prevenção, ao contribuir para a quebra do ciclo de violência e impedir que os atos violentos se perpetuem nas famílias e nas futuras gerações, inclusive com trabalhos em escolas.

Hoje em Carazinho estão em acompanhamento 500 vítimas, segundo dados do comandante. “O caminho para a gente diminuir a repreensão é a prevenção. Por isso, trabalhamos com as escolas de ensino médio para que talvez daqui a 5 ou 10 anos tenhamos estes índices menores do que temos hoje em nossa cidade. Ainda precisamos trabalhar muito para que daqui a algum tempo nosso filhos e netos tenham uma sociedade melhor estruturada e com menos violência do que a nossa geração está tendo agora”, disse a soldado Scheffler.

Momento de descontração e cuidado

O Painel “Mulheres Livres de Violência: esta pauta nos une” ainda trouxe momentos de descontração e cuidado com os presentes. O Grupo Instrumental da Fuccar e os alunos das EMEF’s Políbio do Vale e Pedro Pasqualotto brindaram o momento com apresentações artísticas. Também o Serviço de Assistência Especializada (SAE) da Secretaria Municipal da Saúde participou realizando testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite B e C, bem como trouxe a presença de dentistas para avaliação e orientações relacionadas à saúde bucal. A Secretaria Municipal de Agricultura também estava distribuindo mudas de hortaliças.

Também estava aberta para visitação a exposição “Seara da Canção Gaúcha como Patrimônio Cultural de Carazinho”, que acontece no Espaço de Talentos Locais no andar térreo da Câmara, com vários itens que ajudam a contar a trajetória do festival nativista, como fotos, capas de lp’s e cd’s, reportagens e uma linha do tempo com músicas e artistas ganhadores, entre outras peças históricas.

Daniela de Oliveira

Equipe de Apoio da Comissão de Compras e Contratações

Câmara de Vereadores de Carazinho

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