Hino do RS é alvo de debate entre deputados por verso considerado racista; entenda a polêmica
Assembleia Legislativa debate, nesta terça (4), proposta de emenda constitucional do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) que torna "protegidos e imutáveis em sua integralidade" os símbolos do estado, como o hino.
Um trecho do hino do Rio Grande do Sul considerado racista por parlamentares da bancada negra gaúcha vem gerando debates nos fóruns políticos do estado. A discussão ganhou repercussão após vereadores de Porto Alegre permanecerem sentados durante a execução do hino na cerimônia de posse da mais recente legislatura, em 2021, atitude que foi repetida por deputados estaduais em 2023.
Nesta terça-feira (4), está em pauta na Assembleia Legislativa do RS o debate sobre uma proposta de emenda constitucional do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) que torna “protegidos e imutáveis em sua integralidade” os símbolos do estado, como o hino.
“Queremos garantir que nossa tradição e nossa história sigam sendo motivo de orgulho, sigam sendo reverenciadas por todos nós e, assim, reconhecendo sua importância”, diz o deputado estadual.
O verso apontado como racista diz que “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”.
Após o protesto dos vereadores, em 2021, o deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) tornou pública sua intenção de aprestar projeto de lei que mudava o verso para “povo que não tem virtude acaba por escravizar”, mas acabou não levando a proposta à frente.
Para o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL), um dos membros da bancada negra que participou dos protestos de 2021, quando era vereador, e 2023, a proposta tem “viés autoritário”. Gomes e outros vereadores denunciaram à polícia uma série de ameaças recebidas via redes sociais após a manifestação de 2021.
“Não há projeto para alterar o hino do RS. Há o início de uma reflexão sobre o caráter racista de trechos do hino e de uma história oficial que nunca incluiu o devido lugar de negros no desenvolvimento econômico, cultural e político do nosso estado. A preocupação da bancada negra é outra, nossa primeira ação foi protocolar uma comissão especial para pensar política pública pro desenvolvimento econômico da população negra e periférica. O que o deputado faz é criar caso para negar a importância de um debate, infelizmente, sob um viés autoritário, já que imutabilidade de símbolos é coisa de regimes ditatoriais”, avalia.
Fonte: G1