Educação

DIA DO PROFESSOR: Motivação para abraçar a profissão veio com um mestre

Adriane Pereira leciona Língua Portuguesa no Colégio La Salle e quando estudante, ficava encantada com as histórias contadas pelo professor de literatura

Adriane Pereira (25) leciona Língua Portuguesa no Colégio La Salle, em Carazinho. O desejo de ser professora foi despertado nas aulas de literatura. “O desejo de ensinar veio a partir de um professor de literatura que chegava em aula contando histórias como se fossem acontecimentos da vida dele. Ao fim do relato, ele acabava revelando o nome do livro e do autor. Eu sempre ficava querendo saber o que acontecia com os personagens. Assim, peguei o gosto pela leitura e acabei adquirindo a percepção de que a leitura, quando feita de forma prazerosa, nos leva para outros mundos e abre nossos olhos para um universo de possibilidades. Poder ensinar sobre o que eu amo é só consequência de uma escolha. A resposta é tão clichê, mas ser professora é a minha melhor escolha!”, conta.

Trabalhando na educação há apenas cinco anos, a jovem já atuou em todos os níveis de ensino. Não imagina quantos alunos possam ter assistido às aulas que deu, mas acredita que deixou marcas positivas em todos eles. Além da Língua Portuguesa, reveza as turmas com outros professores da área no Ensino Fundamental/anos finais e Ensino Médio.

Adriane diz que não é fácil ser professor. “Ao mesmo tempo que é gratificante, também é muito difícil. Digo pelos colegas que trabalham na rede pública. É difícil trabalhar com falta de verbas na educação, baixa remuneração e carga horária exaustiva. O professor só é reconhecido pelo que faz em sala de aula, porém, é na sua casa que o verdadeiro trabalho acontece”, observa.

Sobre realização na profissão, ela cita que nunca estará plena, pois sempre busca mais. “Acho que nunca vou me considerar realizada plenamente. Sempre busco por mais, acredito que uma pessoa realizada é uma pessoa acomodada e eu pretendo publicar livros, estudar mais, realizar projetos, entre outros planos. Acredito que a realização profissional só vai vir quando eu decidir me aposentar e ter certeza que eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para formar outros seres humanos”, analisa. Neste sentido, ela chama atenção para o papel do professor na vida dos estudantes. O símbolo da educação, que é a coruja, já diz tudo. O professor é um exemplo. A voz da sabedoria. Aquele em que eles se inspiram para realizar grandes coisas. Uma pessoa que é detentora de um dos papeis mais importantes na comunidade, o saber”, salienta.

Entre os desafios que os professores encaram atualmente está superar a defasagem de ensino ocasionada pela pandemia. “Muitos alunos saíram prejudicados e com abalo emocional enorme com as perdas sofridas. É complicado ensinar um aluno na escola, quando a cabeça fica em casa. Doenças como depressão e ansiedade se tornaram comuns e o professor teve de aprender a lidar com isso e com toda a carga e bagagem que o aluno trouxe. Hoje, não podemos separar a vida pessoal dos alunos e fingir que nada acontece”, relata.

Adriane pretende ir além. “Eu gostaria de publicar livros falando da mulher na literatura e poder passar isso para os alunos. Entre os livros mais lidos no mundo, estão escritoras mulheres que foram rejeitadas por serem mulheres, ou tiveram de usar pseudônimos para publicar suas obras. Tivemos nossa voz calada por muitos anos, agora gostaria de trazer à tona e mostrar a importância feminina na literatura”, projeta.

Vários são os momentos marcantes na vida de um docente. No caso de Adriane, um foi especialmente comovente. “Todo professor tem o “aluno do fundão”, mas eu tinha um que me odiava com todas as forças dele. Lembro quando me disse que eu era hipócrita e ignorante e que não via a hora de sair da escola para não me ver mais. Sempre gostei das dificuldades, tem um autor periférico que eu gosto muito e diz que a mudança deve começar, justamente, naquele que mais precisa e que não tem acesso à educação. Eu levo essa frase para a minha vida, fiz de tudo para mostrar a esse aluno um pouco de afeto, ensino, leitura e sabedoria. Quando saí da escola em que lecionava para a turma dele, o aluno chorou e falou que fui a melhor professora que ele teve na vida dele, sem contar no número de leituras que o aluno já havia realizado desde que comecei a trabalhar lá.
Ver a evolução de um aluno e descobrir o potencial dele, sempre vai ser minha maior realização em sala de aula”, emociona-se .

Um Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo